não
não há mais nada
não há mais nada
aqui dentro
Eu sou uma pedra
Eu sou um buraco
Eu sou sua tela
Eu sou fraco
Eu sou uma corda
Eu sou o chão
Você me ignora
Você me parte o coração
Eu sou sua porta
Eu sou sua janela
Eu sou dela, e sou dela
Mas ninguém me revela
Eu sou um grito no escuro
Eu sou uma canção
Eu sou um monstro e um furo
Em seu coração
Monte monte monte
Corte corte corte
Desmonte desmonte o monte
Solte solte me solte
E grite
Túmulos enfileirados
Cheiro de nada
Todos desacordados
Você me afaga
Corpos ensanguentados
Calor esmaga
Eu não tenho um nome
O amor acaba
finalmente, terminada toda a confusão, os sobreviventes do vilarejo foram levados ao reino de margarida real para tratarem de seus ferimentos. e a guarda voltaria até sua base principal próxima ao castelo do rei, onde discutiram a respeito do futuro dos raposas e seus planos diabólicos que, por enquanto, não pareciam ter nenhum sentido.
a grande guerreira foi convidada (parecia irrecusável, mas ok) a ir com eles, os guardas, e falar diretamente com a superiora de sir enrique, dame octavia 3a. esta sim era a general soberana da guarda real. e a grandalhona diferente ia ter que conhecê-la.
chegando em margarida real dava pra notar a diferença gritante do vilarejo onde antes estavam. muralhas altíssimas rochosas, uma cidade enorme com casas bem mais pomposas, lojas variadas, e é claro, o grande castelo rodeado por mais muralhas e envolto da área-base dos guerreiros. foi pra lá que a guerreira salvadora e os guardas foram assim que chegaram a cidade e enviaram os feridos para os curandeiros de margarida.
lá dentro, finalmente, a guerreira conheceu a famosa dame octavia 3a. sua linhagem toda de mulheres foram guerreiras do rei, e todas incrivelmente fortes e honradas. octavia não era tão alta, mas seu físico era incrível. ela portava uma reluzente armadura branca com detalhes dourados, contrastando com sua pele parda e cabelos escuros. seus olhos, no entanto, reluziam em uma cor mel.
ela era bem bonita, apesar de austera e de traços de guerra (cicatrizes, etc).
"quem é esse aí?" octavia perguntou diretamente para enrique, ignorando a presença da enorme guerreira. que só pela altura, devia ser impossível ignorarem.
"ela é... antes de tudo, uma ela. sim, ela é uma mulher guerreira como a senhora." ao dizer isso, fez octavia franzir o cenho e encarar a figura enorme sem acreditar em seus ouvidos. não era possível que alguém tão grande e forte fosse uma mulher... ou era?
"você está falando sério?" ela perguntou novamente, mas enrique preferiu atentar ao mais importante.
"não só isso, dame, mas ela também nos salvou a vida e de todo o vilarejo atacado pelos raposas ariscas." e mais uma vez a surpresa, a líder encarou a enorme guerreira ainda usando o capacete e disse, séria.
"tire isso, me deixe ver seus olhos", e por mais que achasse aquilo tudo perda de tempo, a guerreira obedeceu. mais uma vez, pegou nos chifres e tirou o capacete. a boca de octavia se abriu numa enorme surpresa de incredulidade. "mas... mas..."
porém, se deteve, virou-se novamente para a desconhecida e disse: "se tudo o que sir enrique me disse for verdade, então... devemos um agradecimento a você. talvez uma recompensa. vou deixar o rei decidir isso." disse ela, parecendo um pouco menos séria.
a guerreira passou o dia na ala dos guerreiros. ao menos, havia a vantagem de não precisar pagar por estadia ou comida. as duas coisas lhe davam de graça. e disseram também que ela devia esperar, pois, o rei gostaria de falar consigo pessoalmente. então, enquanto isso, ali ela ficava.
parada no meio do lugar, sentada em um banco, a guerreira ainda sem nome (ninguém sequer cogitou lhe perguntar?), limpava e adiava seu machado enorme. de repente, uma figura curiosa (porém nunca o admitiria) surgiu para observá-la.
"qual seu nome?" (nota da autora: finalmente, hein?). a pessoa que perguntava não era nada mais nada a menos que dame octavia. agora, em estágio de relaxamento, ela não mais usava sua armadura. estava usando uma blusa de botões com mangas compridas (que ficava levemente apertada em seus músculos), uma calça que tinha o mesmo problema e sapatos. vestia-se masculinamente pra uma mulher, mas seu corpo era claramente de uma, embora definido.
"você não fala?" a dame insistiu, foi então que pela primeira vez...
"yanka" ao ouvir a voz grave, quase assustadora, mais uma vez, octavia deixou seu queixo cair.
quem era aquela mulher? por que era tão diferente e misteriosa?
"certo, yanka. da onde você veio? qual é sua história? você matou o nosso inimigo pra nos ajudar mesmo, ou você fez isso por que ele estava entre você e seu objetivo?", mas a outra apenas olhou pra sua face e...
voltou a limpar a arma. octavia percebeu que não haveria uma conversação com a guerreira imensa.
- - -
dia seguinte, yanka (assim era seu nome) dormiu em um canteiro de palha em uma das pequenas construções com armas e armaduras da guarda. isso porque, ela era grande demais pras camas que haviam lá. logo depois foi acordada, comeu algo e foi falar com o rei finalmente.
não reuniram-se no salão do trono não, era uma área mais interna, exclusiva. havia uma mesa com um mapa... parecia um mapa mundial, algo que era bem raro. mas ele era o rei, fazia sentido conseguir algo tão incrível. e como já foi dito, o rei estava ali, sir enrique e dame octavia, e agora, yanka, a visitante.
"você deve estar perguntando por que eu te chamei aqui?" o rei perguntou, e os guardas mandaram yanka se ajoelhar. a grandalhona fingiu que não ouviu, o rei desvencilhou dizendo que não precisava. "enfim, esse assunto é mais importante do que reverências... porque se trata do meu reino. não, não só do meu reino... do mundo todo", e ele apontou pro mapa aberto na mesa. "o mundo todo pode ser destruído se a gente não impedir!"
"o senhor dos pesadelos" e pela segunda vez em pouco tempo (bom, pra ela, ao menos) ouviu-se a voz da guerreira enorme. todos na sala se calaram, até o rei. e então, seus grandes e redondos olhos verdes se arregalaram demonstrando que ele havia entendido...
"é isso! oh, pela deusa da criação! é isso! é exatamente o que nós temíamos!" ele soltou, desesperando-se, octavia tentou acalma-lo.
"calma, vossa majestade, nós podemos dar um jeito nisso..." dizia ela, mas ele a encarou com os olhos ainda esbugalhados.
"você não está entendendo, ela confirmou tudo!"
"o que ela confirmou?" a dame perguntou, sem compreender.
"que isso é obra do senhor da morte, o deus dos pesadelos, o maldito... uriel, o deus da destruição" respondeu uma figura misteriosa que surgia logo ali, usando um sobretudo e capuz enegrecidos.
todos olharam pra figura beatificados, ainda mais pela mensagem terrível que este carregava consigo.
continua!